Sex, 16 de setembro de 2022, 13:28

Equipe da UFS vence competição de modelos de mecânica náutica
Tortuga Nautidesign faz parte do projeto de extensão Centro de Competições, do Departamento de Engenharia Mecânica
Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS
Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS

Uma competição nacional de modelos de embarcação é realizada anualmente em Joinville, Santa Catarina. A edição deste ano, que aconteceu no final de agosto, foi vencida por uma equipe da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

O Tortuga Nautidesign faz parte do projeto de extensão Centro de Competições, do Departamento de Engenharia Mecânica. A equipe foi a primeira colocada no Desafio Universitário de Nautidesign (Duna), vencendo três das setes categorias de disputa.

Criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Joinville, o Duna é uma competição universitária inédita no Brasil e de abrangência internacional. No Duna, alunos universitários são estimulados a desenvolverem e construírem um modelo funcional, em escala reduzida, de uma embarcação do tipo rebocador.

A edição de 2022 foi a quarta da qual participou o Tortuga. Em 2019, o grupo conquistou o primeiro pódio, além da conquista da prova de cabo-de-guerra. Após um hiato devido à pandemia, vieram, este ano, o primeiro lugar nas provas de força, de corrida e de manobrabilidade – nesta, o prêmio foi dividido com a equipe Jaraqui 2, do UEA-AM, o segundo lugar na tomada de tempo e o avanço até a semifinal da prova de cabo-de-guerra. E, claro, a primeira colocação geral.


Andressa Noronha, João Paulo Calderaro e João Paulo Vilanova integram o projeto Tortuga Nautidesign, coordenado pelo professor Macclarck Pessoa Nery. (Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS)
Andressa Noronha, João Paulo Calderaro e João Paulo Vilanova integram o projeto Tortuga Nautidesign, coordenado pelo professor Macclarck Pessoa Nery. (Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS)

Da sala de aula para as competições

O ápice do trabalho desenvolvido pelos estudantes, acompanhados pelos professores, é a participação e eventual conquista das competições. É quando o trabalho se transforma em realização, como descreve João Eduardo Vilanova, aluno do 9º período de Engenharia Mecânica.

“A gente se esforça, dedica muitas horas na oficina, no projeto, para tornar o barco melhor. Então é muito gratificante, emocionante, nos sentimos orgulhosos em uma conquista como essa, uma alegria muito grande mesmo”, enfatiza.

O Centro possui quatro equipes que disputam provas nos setores automobilístico, aeronáutico e náutico. Apesar de ser voltado para o desenvolvimento de projetos mecânicos, as equipes envolvem alunos de quaisquer cursos da universidade.


Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS
Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS

João Paulo Calderaro, estudante do 5º período de Engenharia Mecânica, conta que os participantes das equipes atuam por áreas, como a de sistema, de projeto e empresarial. E cada uma tem subdivisões: a área empresarial, por exemplo, envolve relações humanas, finanças, marketing; na de projeto, uns ficam responsáveis pelo casco, outros pelo projeto do hélice, da elétrica, da transmissão, entre outros.

“Durante esse tempo, cada um fica focado basicamente no projeto, mas quando chega na hora da produção mesmo, acaba que todo mundo faz um pouco. Então todo mundo trabalha com tudo no final das contas”, completa.

É essa participação coletiva que transforma um projeto do Centro de Competições em relação e em estímulo para o desenvolvimento acadêmico dos estudantes. Andressa Noronha, do 7º semestre de Mecânica, por exemplo, integra o Tortuga desde que entrou no curso.


O Duna é realizado em Joinville, Santa Catarina. (Foto: Divulgação - Tortuga Nautidesign)
O Duna é realizado em Joinville, Santa Catarina. (Foto: Divulgação - Tortuga Nautidesign)

“Já participei de tudo: [da área] de propulsão (a parte dos hélices); de controle de estabilidade, que é a parte do leme; estou em transmissão agora, que é a parte mecânica do barco. E no empresarial já estive em finanças, estou em marketing agora, e também já fui capitã”, descreve.

“Muitas vezes o Tortuga foi o meu incentivo para continuar no curso. Porque a gente sabe que é uma rotina puxada, não é fácil, mas quando você vê tudo aquilo que você está estudando podendo ser aplicado, o seu conhecimento estar valendo a pena, você estar vendo ele se materializar, isso dá um gás no curso. Esse foi justamente o motivo por eu ter ficado tanto tempo na equipe”, pontua Andressa.

O projeto é majoritariamente desenvolvido na universidade, como explica o coordenador do Centro de Competições, Macclarck Pessoa Nery. “Temos um tanque de testes para os hélices, e quando queremos fazer um teste de manobra, utilizamos a piscina [da UFS]; o casco, de fibra de vidro, é feito na nossa oficina; as partes metálicas, montagem, nesse quesito, parte é feita fora, parte é feita aqui”, conta o professor de Engenharia Mecânica.


Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS
Foto: Schirlene Reis - Ascom UFS

A ideia é que os estudantes se envolvam em todas as etapas do trabalho, e não apenas as relacionadas ao projeto.

“Você põe em prática o que aprende na sala de aula, você faz network – tem que se relacionar com os fornecedores, patrocinadores –, e tem uma troca com as outras universidades também. Além disso, ainda tem que lidar com a gestão de recursos, gestão financeira, de pessoas, gestão de conflitos, [lidar com] a administração. É como se fosse uma miniempresa de competição”, disserta Macclarck.

Se depender da motivação dos alunos, o projeto continuará engajando pessoas na universidade. Os integrantes do Tortuga, por exemplo, são multiplicadores da importância em participar desse tipo de ação.

“Acho que todo mundo que participa desse tipo de projeto de equipe, de competição, tem que tentar ir pelo menos uma vez, porque a experiência é única”, conta João Paulo. “Poder conversar com o pessoal que faz um projeto parecido ao seu, poder ver seu projeto funcionando, uma coisa em que você trabalhou – a gente ficou trabalhando mais de um ano nisso –, quando vê ele funcionando, ele ganhando, é uma sensação impossível de descrever”, arremata.


Foto: Divulgação - Tortuga Nautidesign
Foto: Divulgação - Tortuga Nautidesign
Foto: Divulgação - Tortuga Nautidesign
Foto: Divulgação - Tortuga Nautidesign

Projetos mecânicos

O Centro de Competições é composto por equipes formadas por alunos de graduação e professores da Engenharia Mecânica, e visa ao desenvolvimento de projetos mecânicos que atendam a especificidades do desenvolvimento da engenharia.

Os projetos são voltados para o setor automobilístico, aeronáutico e náutico. No setor automobilístico, atuam o projeto Escuderia Fórmula SAE e o Serbaja. Nessas equipes os alunos participam de competições nacionais onde os carros são avaliados desde a concepção técnica (projeto, relatórios de engenharia e inspeção técnica de segurança) até a viabilidade comercial (relatório de custos e apresentação do produto).

No ramo de aeromodelos e nautimodelos, o centro de competições engloba os projetos SAE Araras AeroDesign e Nautidesign. No primeiro, os alunos envolvem-se com um caso real de desenvolvimento de projeto aeronáutico, desde sua concepção, projeto detalhado, construção e testes. Assim como ocorre na área náutica, porém voltada para a disputa do Duna.

Os projetos promovem interação entre os cursos de engenharia, envolvendo alunos da engenharia mecânica, elétrica, civil, engenharia de produção e engenharia de materiais, dentre outras áreas da universidade. Eles Permitem a integração dos conteúdos estudados nas diversas áreas da engenharia aumentando o interesse dos alunos pelo curso e contribuindo para a aprendizagem e fixação dos conhecimentos.

Marcilio Costa - jornalista
comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Sex, 16 de setembro de 2022, 14:06
Notícias UFS