O mês de Junho é dedicado à Conscientização da Afasia, campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Esse distúrbio compromete a linguagem em decorrência de uma lesão neurológica provocada pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outras afecções neurológicas dessa ordem, elencadas em diferentes tipos e graus, a depender do local da lesão no cérebro e da sua extensão.

Neste sentido, acontece anualmente, em todo território nacional, a Campanha Nacional de Conscientização da Afasia. Pelo Campus de São Cristóvão, o evento foi organizado pela professora Lívia Miranda de Oliveira, do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), juntamente com as discentes Jucimone Moura dos Santos, Leilane Leite dos Santos e Gisely Maze de Oliveira Alves, além de contar com o apoio financeiro do Edital Raex de comemoração aos 55 anos da instituição.

Afasia: saúde e bem estar

A ação intitulada como "Manifestações artísticas promovendo o reengajamento social de pessoas com afasia", ocorreu no último sábado (3), no Parque da Sementeira, em Aracaju, e contou com atividades de promoção ao bem-estar e à saúde para as pessoas acometidas por essa patologia, através de um piquenique com roda de música e palestras realizadas pela docente e equipe organizadora acerca da prevenção e vida após o AVC, com a distribuição de folders informativos e uma exposição artística com obras de Ewerton dos Santos, paciente afásico.

“Essa atividade envolveu relatos de experiências de pessoas com afasia e seus familiares, compartilhamento de informações acerca da prevenção do AVC, que é a principal causa das afasias, e orientações sobre possibilidades de melhora da qualidade de vida após um Acidente Vascular Cerebral”, destaca a pesquisadora, Lívia Miranda de Oliveira.

Ainda segundo a professora, qualquer pessoa pode ser acometida por afasia, desde crianças até idosos, sendo que aqueles que pertencem ao grupo risco para AVC apresentam maiores chances, dentre eles: diabéticos; hipertensos; obesos; pessoas que apresentam altos níveis de colesterol e sedentárias; usuários de drogas ilícitas e os que consomem bebidas alcoólicas em excesso; e tabagistas.

O diagnóstico e tratamento das afasias é feito de maneira clínica e, por meio da terapia fonoaudiológica, é possível trazer qualidade de vida e melhores condições de comunicação ao sujeito afásico, evitando, com isso, seu isolamento social.

Paulo Maurício Gomes foi diagnosticado com afasia em 2020, após sofrer um AVC. Durante esse período, a esposa do paciente, Katia Moura, acompanha o marido em ações que trabalham essa integração social dos pacientes. “Foi uma oportunidade do meu marido conhecer outras pessoas e casos semelhantes, assim, adquirimos mais conhecimento em uma patologia que, até então, não era conhecida por nós”, afirma.

"Ano passado, participamos dessa campanha que foi realizada remotamente. Hoje, de maneira presencial, foi um momento ímpar e marcante, onde cada um contou um pouco da sua história e vimos que é possível sim ter uma vida normal mesmo com as limitações adquiridas pela afasia”, finaliza Katia Moura.

Ampliando o conhecimento

Para os alunos e egressos do curso de Fonoaudiologia da UFS que estavam na comissão organizadora do evento, esse foi o momento de partilhar na prática o que foi aprendido dentro da academia.

“É relevante para mim, enquanto estudante, o compartilhamento de ideias, de experiências e de histórias de vida, tanto ao longo do processo de organização com as colegas de curso, como no dia do evento com os pacientes e familiares”, conclui a discente e uma das organizadoras da ação, Jucimone Moura dos Santos.

A estudante também destacou que eventos como esse estimulam ainda mais os alunos a enxergarem na prática momentos que poderão ser vivenciados na profissão, possibilitados pelas ações de extensão da UFS, que levam até a comunidade externa o conhecimento científico.

Em 2021, o projeto de extensão do Departamento de Fonoaudiologia do campus de São Cristóvão, atuou de forma remota com atendimento aos pacientes afásicos, proporcionando aos discentes a prática clínica em afasia durante a pandemia de Covid-19 e, consequentemente, prestar serviço às pessoas acometidas por esse distúrbio.

Janaína Cavalcante - Bolsista

Vitor Belém - Ascom UFS

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