

Nos anos 1970, em Aracaju, a história de um grupo de garotos que crescem juntos e se dispersam em suas trajetórias. Esse é o fio do enredo do romance “Desandada”, segundo publicado pelo professor Luiz Eduardo Oliveira, do Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal de Sergipe.
Lançado na última sexta, 27, na Biblioteca Ephifânio Dórea, o romance que sai pela Editora Mondrongo, 168 p., “é uma declaração de amor à cidade, contando histórias que tem a ver comigo também, mas que tem a ver com a minha percepção do mundo, afinal de contas, eu vejo o mundo a partir daqui”, conta o autor.
E completa: “Na vida acadêmica, com prazos cada vez mais exigentes, uma cobrança muito grande, é difícil encontrar tempo vago para produzir ficção. Mas, a gente luta para tornar a vida mais salubre, e uma maneira de espairecer é não só ler literatura, mas também produzir literatura”, disse.
Influenciado pelo escritor Antônio Carlos Viana, de quem foi amigo e também aluno na UFS, e leitor ávido de um gigante do romance nacional, professor aposentado da UFS, o sergipano Francisco Dantas, Luiz Eduardo conta que suas afinidades temáticas se encontram nas traduções dos autores beats, e nos autores brasileiros baseados nos beats, como Pepe Escobar, Reinaldo Morais e outros.
No seu livro, ele busca oferecer um “despretensioso mas cuidadoso quadro cultural e comportamental da cultura sergipana e brasileira na virada da década de 70 para 80”, a partir do olhar do narrador-personagem, que migra para São Paulo aos 22 anos e “se vê numa encruzilhada que o coloca entre os preconceitos, discriminações e decepções que a vida lhe reserva”.
“O PPGL tem uma linha dentro da área de Estudos Literários que estuda a criação e os processos literários, e é muito bem-vinda não só a produção acadêmica, mas também a produção de livros autorais literários dos docentes, como é o caso aqui do professor Luiz Eduardo, e de outros discentes do Programa”, disse a professora Raquel Freitag.
+ Artigo: A desandada de Luiz Eduardo Oliveira
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL), Raquel foi responsável pela apresentação da obra no evento de lançamento e destacou que o texto oferece uma contribuição que vai muito além da literatura.
“É um livro que tem um potencial de discussão muito importante, para além da estética literária, mas para discussões hoje relacionadas à autoria, ao papel literário, à edição e à questão da norma linguística, especificamente o uso de marcas da oralidade na escrita para caracterização de personagens, e aos mais diversos preconceitos”, avaliou.
Escrito em capítulos curtos, com um parágrafo por capítulo, sem pontos, travessões e outros recursos tradicionais da escrita literária, Eduardo explica que seu texto buscou mimetizar o fluxo ágil da fala e outros aspectos da fala aracajuana de então.
“Eu tinha feito uma versão anterior do romance rompendo com a norma, grafando exatamente como nós falamos, mas tive medo de a leitura ficar muito truncada e fiz uma atualização, e vi que o tom regional já era dado pela sintaxe, e não era necessário fazer essa representação também no léxico”, disse.
Ascom UFS