Mulheres, mães e profissionais se reuniram nesta quarta-feira, 14, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), no campus de São Cristóvão, para debater os desafios de maternar no ambiente de trabalho e acadêmico. O fórum foi promovido pelo coletivo Mulheridades, Universidade e Maternagem (MUM/UFS), criado há dois anos, e que estabelece grupo de estudos, debate e reflexão acerca da presença das mulheres-mães no âmbito social, focando no meio acadêmico.
Há 21 anos maternando, a professora do Departamento de Letras Estrangeiras e uma das fundadores do MUM Mélanie Létocart explicou o objetivo do encontro e compartilhou suas vivências e desafios para conciliar a maternidade com o trabalho de ensino. “Queremos ouvir as mulheres da universidade para saber o que gostariam de propor em termos de mudanças, de medidas para melhorar a presença das mulheres e das mães nos campi, para refletirmos e levarmos para o reitor e a vice-reitora, que já anunciaram uma creche universitária, o que é extremamente importante para essa comunidade”.
Maircira Leão, mãe, professora do curso de Teatro e também responsável pelo MUM, informou que o coletivo também reuniu relatos de outros campi e os materializou em forma de documentário e de um livro.
“Os relatos são de como é a vida aqui, por exemplo, tendo que levar as crianças para a sala de aula, tanto professoras quanto estudantes. A dificuldade com relação a ter um espaço próximo ao local de trabalho, ao local de estudo, para eventos... Ou as estudantes do curso noturno que não têm como deixar suas crianças para vir. Ficamos sempre refletindo em como, concretamente, podemos intervir nessas experiências singulares”.
Carolina Anchieta, que acabou de ingressar no curso de Secretariado Executivo, realizado no período noturno, é um dos exemplos de mulher que se divide entre a maternidade, a vida acadêmica e tantos outros afazeres. Acompanhada do filho Ravi, de sete anos, ela participou do evento e compartilhou sua experiência.
“Não tenho com quem deixar ele, porque não tenho rede de apoio aqui em Aracaju. Sou de São Paulo. Então, ele sempre me acompanha nas aulas noturnas. Vou solicitar auxílios para que eu consiga ter algum suporte para seguir nessa graduação”, disse a estudante, que também já é bacharel em História.
As diversas atividades que as mulheres precisam desempenhar foi outro ponto abordado durante o evento. A psicóloga Carolina Hermanos falou sobre o Maio-Furta Cor, que põe em voga a saúde mental materna. “As mulheres foram colocadas no eixo central da economia do cuidado e ainda acumulada com outras várias funções. Estamos falando de sobrecarga e exaustão, e isso acarreta o adoecimento mental materno”, revelou.
A vice-reitora Silvana Bretas enalteceu o fórum e informou que a UFS dialoga e se solidariza com as pautas. "Nós temos pautado a condição da maternidade no contexto e nas exigências do trabalho acadêmico. É exigido o mesmo ritmo e volume de produção científica para mulheres mãe, acompanhado das obrigações de ensino e extensão, sem contar quando assumimos os postos da administração e temos nossas(os) filhas(os) para criar, educar e cuidar. Então, esse fórum vem dar visibilidade a essa situação e estabelecer pautas de reivindicação para que a universidade reconheça a condição das mulheres mães da UFS".
Jéssica França - Ascom UFS