Na manhã desta sexta-feira, 23, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) promoveu a cerimônia de encerramento da formação da ação 'Saberes Indígenas na Escola', vinculada ao núcleo local do projeto. O evento aconteceu na sede da Associação dos Docentes da UFS (Adufs), no campus de São Cristóvão, e reuniu autoridades institucionais e membros das comunidades acadêmica e indígena.
A programação teve início com uma bênção conduzida pelos pajés Jair, do povo Xokó, e José Cícero – conhecido como Lula – do povo Wassu Cocal. Em seguida, houve a composição da mesa de abertura com representantes indígenas e institucionais. A manhã foi encerrada com a exibição de três documentários produzidos durante a formação: 'A Árvore dos Saberes Xokó', 'Traços da Terra: Grafismo Wassu Cocal' e 'Vozes da Educação Escolar do Povo Wassu Cocal', seguida de um debate sobre os temas abordados
A coordenadora da ação e professora do Departamento de Química do campus de Itabaiana, Edinéia Tavares, destaca que a ação é um programa do Ministério da Educação (MEC) retomado em 2023, com o objetivo de fortalecer a formação de professores indígenas. “Durante 2024, oferecemos formação continuada a professores dos povos Xokó, Cariri Xocó e Wassu Cocal, com foco na interculturalidade, na educação bilíngue e na produção de materiais didáticos específicos. Hoje celebramos o encerramento dessa etapa com o lançamento dos documentários produzidos pelos próprios cursistas, com apoio de formadores e estudantes da UFS”.
Danielle Xokó, coordenadora adjunta e integrante do povo Xokó, avalia a experiência como um marco. “Foi o primeiro ano que participamos dessa formação e tem sido muito enriquecedor. Compartilhamos saberes, histórias e tradições. Os documentários mostram um pouco do nosso fazer educativo e do grafismo de cada povo. É um material bonito e significativo", afirma.
Para a vice-reitora da UFS, Silvana Bretas, o momento representa uma reparação histórica e um reconhecimento da importância dos povos originários. “É emocionante ver os povos indígenas ocupando a universidade. Eles são parte essencial da identidade brasileira. Tudo o que produzem carrega beleza e ancestralidade. Essa ação reafirma o papel da universidade em potencializar saberes diversos e lutar por justiça social".
A procuradora da República Gisele Bleggi também esteve presente e ressaltou a importância da luta dos povos indígenas por seus direitos constitucionais. “A resistência e a força dos povos originários nos ensinam diariamente. Não estamos falando de assistencialismo, mas de direitos garantidos pela Constituição. O Ministério Público Federal é parceiro na defesa dessas comunidades e reconhece a urgência de avanços concretos, especialmente no que se refere à demarcação de terras e à preservação de culturas.”
A cerimônia marca o fim de um ciclo, mas também o início de uma nova etapa: em 2025, o núcleo da ação seguirá com a formação continuada, ampliando a produção de materiais didáticos voltados à educação escolar indígena.
Ascom UFS