Seg, 17 de novembro de 2025, 10:05

Estudante de Medicina da UFS apresenta pesquisa sobre cefaleias em congresso internacional
Trabalho sobre impacto da cirurgia transesfenoidal em pacientes com tumores hipofisários ganha destaque em evento mais importante do mundo na área
Gabriel Valentim durante o congresso (Foto: arquivo pessoal)
Gabriel Valentim durante o congresso (Foto: arquivo pessoal)

O estudante Gabriel Valentim, concluinte do curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS), representou a instituição e o estado de Sergipe no 22º Congresso Internacional de Cefaleias, realizado de 10 a 13 de setembro de 2025, no World Trade Center, em São Paulo. Promovido pela Sociedade Internacional de Cefaleias e ocorrendo pela primeira vez na América Latina, o evento é o mais relevante da área e reuniu mais de 2 mil participantes de diversos países.

Gabriel apresentou o trabalho ‘Transsphenoidal Surgery Decreases Headache Impact on Patients with Pituitary Tumors: Initial Results from a Prospective Cohort Study’, desenvolvido sob orientação dos professores da UFS Arthur Maynart, Jorge Dornellys, Alan Chester e Enaldo Vieira. O estudo teve seu resumo publicado na revista científica Cephalalgia, uma das mais conceituadas do mundo em pesquisa sobre dores de cabeça, e deverá integrar a página oficial da Sociedade Internacional de Cefaleias.

Durante o congresso, o estudante também registrou um encontro com Rami Burstein, presidente da Sociedade Internacional de Cefaleias e uma das maiores autoridades globais na área.

O estudo

O estudante explicou que a pesquisa nasceu da necessidade de compreender melhor um sintoma recorrente entre os pacientes atendidos no ambulatório de tumores cerebrais do Hospital Cirurgia.

“A investigação foi motivada pela elevada frequência de cefaleia entre os pacientes e pela incerteza quanto ao mecanismo causal. A dor comprometia a qualidade de vida, com relatos de perda de produtividade, aumento de estresse, sintomas depressivos e até ideação suicida”, explica o estudante.

Segundo o professor orientador Jorge Dornellys, o trabalho buscou demonstrar o impacto da cefaleia na vida de pacientes com tumores de hipófise — um tema ainda pouco considerado na prática clínica.

“O que este estudo trata é mostrar o quanto a dor de cabeça impacta pacientes com tumor de hipófise. Conseguimos demonstrar que pelo menos 70% desses pacientes apresentam cefaleia relacionada ao tumor, enquanto 30% têm dores não associadas a ele, como enxaqueca ou cefaleia tensional”, explica.

Os procedimentos avaliados foram realizados pela técnica endoscópica endonasal, abordagem moderna que permite o acesso ao tumor pela cavidade nasal, sem abertura direta do crânio. “O estudo mostra que a cefaleia, mesmo não sendo um sintoma clássico considerado pelos especialistas, que normalmente se concentram em alterações hormonais e visuais, também deve ser valorizada. A cirurgia melhora não só os parâmetros clínicos tradicionais, mas também a vida desses pacientes ao reduzir a dor", disse Dornellys.

O estudo observou melhora significativa da cefaleia já no primeiro mês após a cirurgia, com manutenção do benefício até seis meses depois, como informou o estudante Gabriel Valentim. “Além disso, nenhum paciente sem cefaleia no pré-operatório passou a apresentar o sintoma no acompanhamento pós-operatório”.

A pesquisa integra as ações do Grupo Eugenobis, voltado à cirurgia de base de crânio e coordenado pelo professor Dr. Arthur Maynart. “É um grupo importante dentro da universidade, que vem crescendo em produção científica e projetos de pesquisa. Este estudo sobre cefaleia é um dos mais recentes dentro dessa linha investigativa”, finaliza o professor.

Ascom UFS

Atualizado em: Seg, 17 de novembro de 2025, 11:11
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