Qua, 19 de novembro de 2025, 16:00

UFS realiza conferência internacional sobre carceridade, apagamento e resistência urbana em diálogo entre Palestina e Brasil
Atividade integra a Jornada de Solidariedade à Palestina e reafirma compromisso da universidade com debates globais
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) sediou, nesta quarta-feira, 19, a conferência internacional “Everyday Urban Spaces of Carcerality, Erasure and Resistance: Crossed Perspectives between Palestine and Brazil”, parte da Jornada de Solidariedade à Palestina. O evento reuniu pesquisadores, estudantes e movimentos sociais para discutir as relações entre violência estatal, encarceramento, apagamento e formas de resistência nos espaços urbanos. A programação ainda incluiu o lançamento da Rede Global de Estudos sobre Processos Coloniais.

Na mesa principal esteve o pesquisador palestino Basil Al Faraj (Universidade Birzeit/Palestina), que, ao iniciar sua fala, destacou o caráter global dos processos de criminalização e violência.

“Estamos em um momento muito violento para todos, não apenas na Palestina”, afirmou. Ele ressaltou ainda que o território palestino tem sido usado como laboratório de tecnologias e armas, cujos impactos atravessam fronteiras. “Parte de estarmos aqui é porque nós todos sonhamos ter um mundo justo e livre, não apenas para os palestinos, mas para todos que sofrem com a militarização, opressão e a violência”, disse.


Pesquisador palestino Basil Al Faraj (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
Pesquisador palestino Basil Al Faraj (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Coordenador da Jornada, o professor do Departamento de Relações Internacionais (DRI/UFS), Geraldo Campos, ressaltou o papel da iniciativa na construção de diálogos entre diferentes experiências de violência e resistência.

“A Jornada mostra as relações entre os processos de violência que existem no Brasil, em Sergipe e na Palestina. A universidade não é apenas lugar de produção de teoria, mas de criação de plataformas de interlocução entre sujeitos que estão na linha de frente desses processos de violência”, explicou.

Ele destacou, ainda, o encontro realizado no assentamento do MST no Povoado Quissamã, em Nossa Senhora do Socorro, reunindo palestinos e movimentos sociais sergipanos. “Movimentos daqui diziam que buscavam inspiração na luta dos palestinos, e vice-versa. Isso gera novas formas de esperança".


Professor Geraldo Campos (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
Professor Geraldo Campos (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Estudantes da UFS que participaram do evento enalteceram a oportunidade de ouvir de perto relatos de estudantes e pesquisadoras palestinas. Para Ana Julia, estudante de Relações Internacionais e monitora da Jornada, o encontro permitiu uma compreensão concreta da realidade do país.

“É uma experiência muito importante para nós entendermos a situação da Palestina. Foi além do que ouvir de alguém que estuda sobre, foi alguém que vive aquilo”.


Ana Júlia (de blusa azul), com colegas de turma (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
Ana Júlia (de blusa azul), com colegas de turma (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Para a mestranda em Sociologia Ana Flávia, o envolvimento na Jornada representa uma oportunidade singular. “Eu nunca teria oportunidade de talvez conhecer outras pessoas palestinas, de conversar com elas, de conhecer mais sobre as suas realidades. Talvez essa seja uma das causas mais importantes do século”.

A pró-reitora de Extensão da UFS, Josefa Lisboa, destacou o papel da universidade na defesa dos direitos humanos e na promoção de debates urgentes.

“É um privilégio, nesse momento de violência e genocídio, ter a oportunidade de trazer esse debate. Um debate que tem sido difícil de realizar no Brasil por conta dessa criminalização absurda contra todos que se levantam contra esse genocídio. A universidade ganha com esse intercâmbio e vamos enveredar esforços para que tenhamos mais atividades nos próximos anos".


Pró-reitora de Extensão da UFS, Josefa Lisboa (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
Pró-reitora de Extensão da UFS, Josefa Lisboa (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Festival Internacional de Cinema Árabe

Pela primeira vez, Sergipe recebeu o Festival Internacional de Cinema Árabe, parte da programação da Jornada. De acordo com o professor Geraldo Campos, a partir deste ano, o festival passa a ter sede permanente no Centro Internacional de Estudos Árabes e Islâmicos da UFS.

“A arte e a cultura têm um papel muito importante como afirmação da vida, como elaboração de outros imaginários e como forma de romper estereótipos. Aracaju passa agora a fazer parte de um dos principais espaços de cinema árabe da América Latina”, celebrou.

Ascom UFS

Atualizado em: Qua, 19 de novembro de 2025, 18:12
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