Ter, 24 de setembro de 2019, 11:23

Projeto do campus do Sertão auxilia produtores familiares de leite
Iniciativa ressalta a importância da higienização na ordenha
Projeto está sendo desenvolvido em Nossa Senhora da Glória, no Alto Sertão. (fotos: divulgação)
Projeto está sendo desenvolvido em Nossa Senhora da Glória, no Alto Sertão. (fotos: divulgação)

É no Alto Sertão sergipano que está localizada a mais importante bacia leiteira do estado. Dados do IBGE mostram que Nossa Senhora da Glória é destaque na produção. Buscando entender a realidade e melhorar a qualidade do produto da região, o professor do Núcleo de Graduação em Agroindústria (Neagros) do campus do Sertão da UFS, João Paulo N. Sá, desenvolveu um projeto com pequenos produtores de leite da agricultura familiar.

A iniciativa, que mostra o “invisível” aos produtores, pretende levá-los à conscientização sobre a importância da higienização na ordenha, evidenciando a existência de possíveis microrganismos nos equipamentos, utensílios e no ambiente onde ocorre o trabalho. Tais microrganismos quando presentes no ambiente, associados a um processo de higienização ineficiente, podem favorecer a contaminação do leite e afetar a sua qualidade físico-química, além de o risco de provocar a incidência de mastite bovina (inflamação da glândula mamária).

“O leite, que não é ordenhado em condições sanitárias satisfatórias, pode favorecer o surgimento de microrganismos patogênicos que podem levar à intoxicação ou infecção alimentar”, explica o professor responsável pelo projeto.

Pesquisa


Microrganismos presentes no ambiente, associados a um processo de higienização ineficiente, podem favorecer a contaminação e afetar a qualidade físico-química do leite.
Microrganismos presentes no ambiente, associados a um processo de higienização ineficiente, podem favorecer a contaminação e afetar a qualidade físico-química do leite.

Realizadas em parceria com a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e o Instituto Federal de Sergipe (IFS), campus de Nossa Senhora da Glória, as atividades envolvem três alunos do Neagros: Daniela dos Santos Silva e Osvaldo Neto (ambos vinculados ao projeto de extensão) e Thais Costa (Pibic/pesquisa).

De acordo com o professor, para realizar o estudo, utilizaram-se técnicas que analisaram o ar, os equipamentos, os utensílios e as mãos dos responsáveis pela ordenha. Em seguida, levaram para o laboratório, encubaram nas condições ideais e apresentaram aos produtores os microrganismos que estavam presentes nesses locais.

Ainda segundo o responsável pelo projeto, um dos intuitos do estudo é partir da demonstração real de microrganismos nas mãos, nos equipamentos e no ambiente onde ocorre a ordenha para que o produtor consiga obter uma maior conscientização da importância da implementação eficiente da higienização em todo o processo produtivo. “A higienização eficiente irá favorecer a obtenção de um leite com maior qualidade e segurança para o consumidor, além de atender aos critérios da legislação”, afirma o professor.


Inciativa envolve estudantes de Agroindústria vinculados a projetos de extensão e pesquisa.
Inciativa envolve estudantes de Agroindústria vinculados a projetos de extensão e pesquisa.

Daniela, uma das alunas envolvidas no projeto, destaca a relevância de levar esse tipo de conhecimento para o produtor. “Muitas vezes eles não têm conhecimento ou não recebem informações das características da matéria-prima produzida por eles. O leite vai além de um fluido branco. É de grande importância que os produtores saibam as características físico-químicas do que produzem”, enfatiza. De acordo com João, os resultados da pesquisa ainda serão apresentados aos produtores, pois será preciso fazer uma repetição dos testes.


“O leite, que não é ordenhado em condições sanitárias satisfatórias, pode favorecer o surgimento de microrganismos patogênicos que podem levar à intoxicação ou infecção alimentar”, diz o responsável pelo projeto João Sá. (foto: Adilson Andrade/Ascom UFS)
“O leite, que não é ordenhado em condições sanitárias satisfatórias, pode favorecer o surgimento de microrganismos patogênicos que podem levar à intoxicação ou infecção alimentar”, diz o responsável pelo projeto João Sá. (foto: Adilson Andrade/Ascom UFS)

Osvaldo Neto, outro aluno do projeto, já vislumbra os ganhos obtidos na pesquisa em sua futura carreira. “Trabalhar com a qualidade microbiológica do leite é bastante relevante para se obter produtos de qualidade em diversos âmbitos, além de me auxiliar como profissional, caso um dia eu venha trabalhar nessa área”.

Esse projeto está sendo realizado em cinco ambientes nos quais a agricultura familiar é desenvolvida em Nossa Senhora da Glória. De acordo com o professor, os próximos municípios a receber o projeto serão Canindé de São Francisco, Poço Redondo, Porto da Folha e Monte Alegre, todos no Alto Sertão.

Ascom

comunica@ufs.br


Atualizado em: Ter, 24 de setembro de 2019, 12:02
Notícias UFS