
Os copos descartáveis demoram entre 250 e 400 anos para se decompor. Você sabe quantos deles são utilizados nas refeições do Restaurante Universitário (Resun) diariamente? O projeto “Resun sem Descartáveis” consiste em uma campanha de conscientização sobre o uso de copos descartáveis, apresentando os impactos ambientais causados por esse tipo de material e indicando alternativas para a comunidade acadêmica.
O projeto é uma iniciativa conjunta dos cursos de Secretariado Executivo e Ciências Biológicas e do Núcleo de Gestão Ambiental (NGA).
Os estudantes do 1° período de Secretariado Executivo estão ligados à disciplina de Introdução à Administração, ministrada pela professora Flávia Pacheco; os de Biologia são da disciplina Estágio Supervisionado em Educação Ambiental, de Aline Nepomuceno, e Educação Ambiental, de Myrna Landim. Ambas compreendem o 7º período.
De acordo com Flávia, o trabalho precisava promover a interdisciplinaridade, agregando os conhecimentos adquiridos em todas as disciplinas do primeiro semestre do curso.
“Além de ser interdisciplinar, a ideia também é fazer com que os discentes pensem em formas de melhorar o mundo em que vivemos, despertando nos alunos o interesse em desenvolver atividades de extensão a fim de melhorar a qualidade de vida da comunidade”, afirma Flávia.

Após a escolha do ambiente a ser trabalhado, o grupo identificou e diagnosticou as necessidades de atuação. “Precisávamos desenvolver uma ação que lidasse com pontos específicos de alguma organização, com a proposta de atender alguns dos objetivos da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável”, explica o estudante Douglas Vieira.
Ele aponta a importância de repensar o consumo de copos descartáveis para além da agressão ao meio ambiente, mas também pelo fato de ser algo prejudicial à saúde. “O café, como qualquer outra substância que for colocada quente em contato com o copo, libera substâncias cancerígenas presentes no plástico. Isso sem falar nas possibilidades de distúrbios hormonais e até mesmo infertilidade causados por essas substâncias”, reforça.

Primeiros passos
O início do trabalho se deu quando o grupo entrou em contato com o idealizador do movimento socioambiental Aracaju Lixo Zero, Lázaro Sandro, tecnólogo em saneamento ambiental e servidor da UFS, que os auxiliou indicando possibilidades de atuação da universidade.
“Com esse contato, conhecemos e pesquisamos sobre a questão de resíduos sólidos e então decidimos fazer uma ação de conscientização no Resun”, diz a estudante Luciana Marques.
A estudante afirma que, após esse contato, outros grupos se aproximaram com a mesma finalidade. “Nossa primeira reunião contou com a presença de alunos dos cursos de Administração, Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental e da Empresa Jr. de Engenharia Ambiental e Sanitária (Easy), o Grupo de Estudo e Pesquisa para o Desenvolvimento de Políticas Aquáticas Sustentáveis (GEPDPAS) e o movimento Aracaju Lixo Zero”, identifica.
Coleta de dados
A equipe entrou em contato com a administração do Resun, realizando entrevistas com o diretor José Airto Batista e a nutricionista da empresa terceirizada Coelfer Romilda Farias para levantar, dentre outros detalhes, a quantidade de refeições e de copos utilizados, os valores gastos com a compra desse insumo e o número de alunos atendidos.
De posse desses dados, o grupo aplicou um questionário em 1.200 alunos presentes na fila do almoço e jantar, com base em uma população de 5.000, que é a média de refeições diárias.
“O professor Eduardo José, que ministrou a disciplina Introdução à Estatística para a nossa turma foi nosso orientador no que diz respeito à pesquisa e coleta de dados”, explica Luciana.
O resultado da pesquisa pretendeu identificar o conhecimento dos estudantes sobre o destino dos copos, tempo de decomposição e disponibilidade dos usuários do Resun em trazer copos reutilizáveis.
Para Airto, o engajamento dos estudantes com questões voltadas ao meio ambiente é “louvável”, uma vez que o tema é uma preocupação global e pauta constante na sociedade. O diretor afirma que indicou ao grupo que estenda os níveis de alcance entre os departamentos, utilizando as ferramentas de comunicação que a universidade oferece, como a Rádio UFS. “É preciso que esta seja uma campanha constante, para que o resultado seja gradativo e se propague entre os diversos setores da universidade”.
Para a nutricionista Romilda Farias, no entanto, há questões que devem ser colocadas em debate. “Apoiamos a manifestação dos alunos, porém temos algumas preocupações com a logística a ser empregada com o aumento do número de pessoas utilizando seus copos”, diz.
Ela explica que o receio se dá pela possibilidade de aumento das filas com a pausa para o estudante encher o copo. Outro ponto destacado é a conscientização dos alunos, já que cada usuário tem direito a 300 ml de suco.
Para mais informações sobre a campanha visite a página do Instagram.

Outros projetos
Desde 2008 a UFS conta com o trabalho na área de resíduos sólidos, promovendo o trabalho de coleta seletiva. Em 2012 surgiu o programa UFS Ambiental reunindo projetos socioambientais e ecológicos ligados à coleta seletiva, trânsito, arborização, redução de consumo de energia e água, desperdício de alimentos e socialização entre as pessoas e os animais do campus.
Atualmente, a UFS possui o Núcleo de Gestão Ambiental (NGA), órgão responsável pela administração de seis linhas de preservação ambiental, são elas: Gestão de Resíduos Sólidos, Gestão de Sustentabilidade, Licenciamento Ambiental, Flora e Fauna, Mobilidade e Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), sendo essa última um programa do Ministério do Meio Ambiente que pretende estimular os órgãos públicos do país a aderirem práticas de sustentabilidade.
Segundo o professor Genésio Ribeiro, coordenador do NGA, o núcleo trabalha em todos os campi, procurando se adaptar às realidades de cada ambiente. “Por exemplo, no campus do Sertão a demanda é o reaproveitamento dos resíduos orgânicos, nos campi voltados à saúde nossa parcela é o recolhimento de resíduos químicos”, explica.
Genésio afirma que no campus de São Cristóvão também são realizados ajustes, com a utilização de campanhas visuais de conscientização, estabelecendo nas lixeiras os marcadores “recicláveis e “não recicláveis”. “Estamos prevendo para o próximo ano a inauguração de uma central de recolhimento de resíduos químicos no campus de São Cristóvão”, diz.
Mariana Pimentel (bolsista)
Luiz Amaro
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