Ter, 28 de agosto de 2018, 15:38

Estudantes da UFS lançam campanha de conscientização sobre uso de copos descartáveis no Restaurante Universitário
Grupo aplicou questionário em 1.200 alunos na fila do almoço e jantar
Fonte: Projeto “Resun sem Descartáveis”.
Fonte: Projeto “Resun sem Descartáveis”.

Os copos descartáveis demoram entre 250 e 400 anos para se decompor. Você sabe quantos deles são utilizados nas refeições do Restaurante Universitário (Resun) diariamente? O projeto “Resun sem Descartáveis” consiste em uma campanha de conscientização sobre o uso de copos descartáveis, apresentando os impactos ambientais causados por esse tipo de material e indicando alternativas para a comunidade acadêmica.

O projeto é uma iniciativa conjunta dos cursos de Secretariado Executivo e Ciências Biológicas e do Núcleo de Gestão Ambiental (NGA).

Os estudantes do 1° período de Secretariado Executivo estão ligados à disciplina de Introdução à Administração, ministrada pela professora Flávia Pacheco; os de Biologia são da disciplina Estágio Supervisionado em Educação Ambiental, de Aline Nepomuceno, e Educação Ambiental, de Myrna Landim. Ambas compreendem o 7º período.

De acordo com Flávia, o trabalho precisava promover a interdisciplinaridade, agregando os conhecimentos adquiridos em todas as disciplinas do primeiro semestre do curso.

“Além de ser interdisciplinar, a ideia também é fazer com que os discentes pensem em formas de melhorar o mundo em que vivemos, despertando nos alunos o interesse em desenvolver atividades de extensão a fim de melhorar a qualidade de vida da comunidade”, afirma Flávia.


A ideia era identificar o conhecimento sobre destino, tempo de decomposição e disponibilidade em trazer copos reutilizáveis  pelos usuários do Resun (Fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)
A ideia era identificar o conhecimento sobre destino, tempo de decomposição e disponibilidade em trazer copos reutilizáveis pelos usuários do Resun (Fotos: Schirlene Reis/Ascom UFS)

Após a escolha do ambiente a ser trabalhado, o grupo identificou e diagnosticou as necessidades de atuação. “Precisávamos desenvolver uma ação que lidasse com pontos específicos de alguma organização, com a proposta de atender alguns dos objetivos da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável”, explica o estudante Douglas Vieira.

Ele aponta a importância de repensar o consumo de copos descartáveis para além da agressão ao meio ambiente, mas também pelo fato de ser algo prejudicial à saúde. “O café, como qualquer outra substância que for colocada quente em contato com o copo, libera substâncias cancerígenas presentes no plástico. Isso sem falar nas possibilidades de distúrbios hormonais e até mesmo infertilidade causados por essas substâncias”, reforça.


Estudantes Douglas Vieira e Luciana Marques ressaltam a necessidade de se refletir sobre os impactos ao meio ambiente e à saúde pelo uso de recipientes plásticos.
Estudantes Douglas Vieira e Luciana Marques ressaltam a necessidade de se refletir sobre os impactos ao meio ambiente e à saúde pelo uso de recipientes plásticos.

Primeiros passos

O início do trabalho se deu quando o grupo entrou em contato com o idealizador do movimento socioambiental Aracaju Lixo Zero, Lázaro Sandro, tecnólogo em saneamento ambiental e servidor da UFS, que os auxiliou indicando possibilidades de atuação da universidade.

“Com esse contato, conhecemos e pesquisamos sobre a questão de resíduos sólidos e então decidimos fazer uma ação de conscientização no Resun”, diz a estudante Luciana Marques.

A estudante afirma que, após esse contato, outros grupos se aproximaram com a mesma finalidade. “Nossa primeira reunião contou com a presença de alunos dos cursos de Administração, Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental e da Empresa Jr. de Engenharia Ambiental e Sanitária (Easy), o Grupo de Estudo e Pesquisa para o Desenvolvimento de Políticas Aquáticas Sustentáveis (GEPDPAS) e o movimento Aracaju Lixo Zero”, identifica.

Coleta de dados

A equipe entrou em contato com a administração do Resun, realizando entrevistas com o diretor José Airto Batista e a nutricionista da empresa terceirizada Coelfer Romilda Farias para levantar, dentre outros detalhes, a quantidade de refeições e de copos utilizados, os valores gastos com a compra desse insumo e o número de alunos atendidos.

De posse desses dados, o grupo aplicou um questionário em 1.200 alunos presentes na fila do almoço e jantar, com base em uma população de 5.000, que é a média de refeições diárias.

“O professor Eduardo José, que ministrou a disciplina Introdução à Estatística para a nossa turma foi nosso orientador no que diz respeito à pesquisa e coleta de dados”, explica Luciana.

O resultado da pesquisa pretendeu identificar o conhecimento dos estudantes sobre o destino dos copos, tempo de decomposição e disponibilidade dos usuários do Resun em trazer copos reutilizáveis.

Para Airto, o engajamento dos estudantes com questões voltadas ao meio ambiente é “louvável”, uma vez que o tema é uma preocupação global e pauta constante na sociedade. O diretor afirma que indicou ao grupo que estenda os níveis de alcance entre os departamentos, utilizando as ferramentas de comunicação que a universidade oferece, como a Rádio UFS. “É preciso que esta seja uma campanha constante, para que o resultado seja gradativo e se propague entre os diversos setores da universidade”.

Para a nutricionista Romilda Farias, no entanto, há questões que devem ser colocadas em debate. “Apoiamos a manifestação dos alunos, porém temos algumas preocupações com a logística a ser empregada com o aumento do número de pessoas utilizando seus copos”, diz.

Ela explica que o receio se dá pela possibilidade de aumento das filas com a pausa para o estudante encher o copo. Outro ponto destacado é a conscientização dos alunos, já que cada usuário tem direito a 300 ml de suco.

Para mais informações sobre a campanha visite a página do Instagram.


Ação contou com manifestação visual com copos retirados do lixo do restaurante.
Ação contou com manifestação visual com copos retirados do lixo do restaurante.

Outros projetos

Desde 2008 a UFS conta com o trabalho na área de resíduos sólidos, promovendo o trabalho de coleta seletiva. Em 2012 surgiu o programa UFS Ambiental reunindo projetos socioambientais e ecológicos ligados à coleta seletiva, trânsito, arborização, redução de consumo de energia e água, desperdício de alimentos e socialização entre as pessoas e os animais do campus.

Atualmente, a UFS possui o Núcleo de Gestão Ambiental (NGA), órgão responsável pela administração de seis linhas de preservação ambiental, são elas: Gestão de Resíduos Sólidos, Gestão de Sustentabilidade, Licenciamento Ambiental, Flora e Fauna, Mobilidade e Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), sendo essa última um programa do Ministério do Meio Ambiente que pretende estimular os órgãos públicos do país a aderirem práticas de sustentabilidade.

Segundo o professor Genésio Ribeiro, coordenador do NGA, o núcleo trabalha em todos os campi, procurando se adaptar às realidades de cada ambiente. “Por exemplo, no campus do Sertão a demanda é o reaproveitamento dos resíduos orgânicos, nos campi voltados à saúde nossa parcela é o recolhimento de resíduos químicos”, explica.

Genésio afirma que no campus de São Cristóvão também são realizados ajustes, com a utilização de campanhas visuais de conscientização, estabelecendo nas lixeiras os marcadores “recicláveis e “não recicláveis”. “Estamos prevendo para o próximo ano a inauguração de uma central de recolhimento de resíduos químicos no campus de São Cristóvão”, diz.

Mariana Pimentel (bolsista)

Luiz Amaro

comunica@ufs.br


Atualizado em: Qua, 29 de agosto de 2018, 09:02
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