Apresentando exemplos de preconceito e xenofobia ocorridos no sistema britânico de radiodifusão e a atuação do OFCOM Broadcasting Code (órgão regulador de radiodifusão britânico) no combate a casos do gênero, ocorreu ontem, 29, no auditório do Departamento de Comunicação Social (DCOS) uma palestra com o professor Danilo Rothberg para os estudantes de comunicação social da UFS.
“Não tivemos na história brasileira um órgão regulador que fosse efetivo”, disse o professor. “Por isso que é sempre útil trazer o exemplo de fora, no caso a regulação de mídia, para expor como o Brasil é um caso único de escassez ou, em muitos casos, de ausência de regulação”, complementa.
O debate identificou as deficiências no modelo de jornalismo produzido no Brasil e as possibilidades de atuação de órgãos reguladores eficazes, traçando um panorama sobre o modelo de jornalismo britânico e a prática jornalística brasileira.
O evento foi produzido Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), o Laboratório de Estudos em Jornalismo (Lejor) e o DCOS. Representando a coordenação do evento, o professor Josenildo Guerra, do DCOS, destacou a experiência pessoal e profissional do palestrante nas áreas discutidas. “Tivemos a oportunidade de receber um dos maiores especialistas na área para a realização desse debate”, afirma.
Danilo Rothberg é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com pós-doutorado pela Open University. É livre-docente em Sociologia da Comunicação. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp. Foi pesquisador visitante na University of Warwick, Kings College London e Open University (Reino Unido).
Veja abaixo uma pequena conversa que tivemos com o professor Danilo.
- Qual a importância de estudar o tema de regulação e autorregulação no cenário brasileiro atual?
É natural que países olhem para outros países em busca de referências. Esse intercâmbio de ideias é muito importante. Dito isto, é bastante comum que o Brasil tenha mirado outros exemplos internacionais na área de mídia e comunicação, porque nós temos o problema histórico trazido em parte pela prevalência de períodos ditatoriais que os impediu de ver a preservação do interesse público pela mídia e a necessidade de regulação nesse contexto, coisa que outros países com democracia sem interrupção tiveram mais facilidade. Por isso que é sempre útil trazer o exemplo de fora, no caso a regulação de mídia para expor como o Brasil é um caso único de escassez ou em muitos casos de ausência de regulação.
- Em que medida debates como esse agregam à vida acadêmica da comunidade discente?
A universidade proporciona o contato com correntes de pensamento muito diversificadas. Entendo que com frequência a rotina acadêmica pode ser bastante exigente em termos de provas, trabalhos e dedicação às aulas, mas é importante que seja preservado o espaço para debates, de modo que muitos alunos não teriam a oportunidade de ter contato com pensamentos diferentes. Essa circulação de ideias é fundamental para manter a vitalidade do pensamento acadêmico.
Ascom
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