Seg, 04 de maio de 2020, 10:16

Embrapa: uma empresa exemplar
Angelo Roberto Antoniolli

É difícil compreender como há pessoas que não dão a mínima para as pesquisas científicas. E pior, quando se sabe que nas esferas governamentais, pelo mundo afora, não investem em pesquisas o quanto deveriam investir.

Se há uma área da pesquisa científica que o Brasil tem o que mostrar ao mundo, é a agropecuária. Isso se deve à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, fundada em 1973 e completando, pois, 47 anos de franca e louvável atividade.

A EMBRAPA nasceu sob a batuta de um homem, conhecido como o fundador, Eliseu Roberto de Andrade Alves, ou simplesmente Dr. Eliseu, reverenciado por todos que o conhecem e que, aos 89 anos, aposentado, ainda trabalha como assessor da presidência da empresa.

A EMBRAPA mudou a face da agropecuária brasileira, consolidando-se, pouco a pouco, como uma entidade dentre as mais bem avaliadas no mundo da pesquisa na sua área de atuação. A partir de um modelo de atuação bem delineado, a empresa “criou centros de pesquisa por produtos, por temas e por características regionais”, como bem o disse o jornalista Jorge Duarte.

Faltando três anos para completar meio século de atividades, essa exemplar empresa pública brasileira é um modelo de instituição que resiste, na Administração Pública indireta, aos dissabores de certos governos e de determinados administradores, pois a sua pujança, inclusive com resultados financeiros apreciáveis, acaba por inibir ações deletérias que a possam prejudicar. Uma entidade sólida, que vai vencendo o tempo e aprimorando-se cada vez mais, no que sabe fazer de melhor.

Segundo dados apresentados pelo atual presidente da EMBRAPA, Celso Moretti, em 2019, a empresa devolveu R$ 12,29 para cada R$ 1,00 investido, ou seja, 12 vezes mais do que ela recebeu. Disse, ainda, o presidente: “Nosso lucro social em 2019 foi de R$ 46,49 bilhões, graças aos impactos econômicos gerados por 160 tecnologias e 220 cultivares analisadas, além dos demais ganhos sociais, a partir de um orçamento de R$ 3,7 bilhões”, completou.

O anúncio foi feito como parte das comemorações dos 47 anos da Embrapa, transcorrido no domingo, dia 26. Sobre o Balanço Social, Moretti fez questão de destacar que se trata de um documento público, aberto à sociedade e já disponível no site da Empresa.

A Universidade Federal de Sergipe tem laços com a EMBRAPA. Ao instituir o Campus do Sertão, provisoriamente situado na zona urbana da cidade de Nossa Senhora da Glória, passamos a procurar uma área rural que servisse para tão auspicioso empreendimento. Alguns imóveis foram vistos pela Prefeitura Municipal e pelo governo estadual. Todavia, apesar da boa vontade de todos, não foi possível chegar a bom termo.

Foi, então, que tomamos conhecimento de uma fazenda de propriedade da EMBRAPA, localizada entre os municípios de Glória e Feira Nova, mas sob a gestão da EMBRAPA no Semiárido com sede em Petrolina (PE).

Ao conhecer a fazenda, decidimos lutar para que ali fosse instalado o Campus. Gestões foram feitas, inclusive por parlamentares federais, junto ao governo central e à presidência da empresa. Nesse sentido, foi de grande valia a decisiva colaboração de Manoel Moacir Costa Macedo, Chefe-Geral na Embrapa Tabuleiros Costeiros de 2013 a 2018 em Sergipe, e de Pedro Carlos Gama da Silva, Chefe-Geral da EMBRAPA em Petrolina. Esses dois técnicos envidaram todos os esforços necessários para a efetivação da cessão da referida fazenda, a fim de ali se fazer a instalação do Campus do Sertão. Aos dois técnicos, seremos sempre gratos.

A EMBRAPA tem sido um elemento propulsor do desenvolvimento agropecuário em todo o Brasil, notadamente, no Nordeste brasileiro e, claro, em Sergipe, ao longo de quase cinco décadas de existência.

A Universidade Federal de Sergipe sabe muito bem do valor da EMBRAPA, a partir dos cursos que mantém, na área agropecuária. O modus operandi da empresa fez com que houvesse “um sistema nacional de pesquisa reunindo também institutos estaduais que atuavam na área e universidades em articulação direta com os produtores”.

Esse modo de operar fez com que o Brasil desse um salto qualitativo em sua produção agropecuária.

Felicitamos a EMBRAPA pelos seus 47 anos de exitosas atividades. Uma empresa exemplar como essa merece todos os nossos aplausos.

Angelo Roberto Antoniolli é reitor da Universidade Federal de Sergipe.