
“O agente comunitário de saúde (ACS) tem papel importante por ser o elo do SUS com a comunidade e, muitas vezes, o conhecimento é pautado no estigma e no preconceito para identificar a pessoa com deficiência (PCD) em suas áreas de abrangência”. É desta forma que a professora Lavínia Teixeira explica a importância do conhecimento para esses profissionais que lidam rotineiramente com pessoas com deficiência.
Por conta disso, ela desenvolveu um curso de capacitação com o objetivo de fomentar a educação continuada para os agentes sobre os conceitos e os direitos humanos dessas pessoas. Além dos ACS, o público-alvo compreende as próprias pessoas com deficiência e seus familiares.
O primeiro módulo começou em abril de 2021 e teve duração de dez semanas, com encontros semanais e através da plataforma Google Meet. Nele, foram abordados temas da infância que permeiam sobre o transtorno do espectro do autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral e alguns transtornos do desenvolvimento, como dislexia e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
“O bojo do projeto do curso tem como premissa identificar lacunas existentes na condução da Rede de Cuidados à PCD, pactuada na Portaria nº 793/2012, com vistas à otimização dos serviços ofertados pelo SUS”, diz a docente do Departamento de Educação em Saúde do campus de Lagarto.
O curso contou com a participação de sete alunos da graduação, três da pós-graduação, três professoras do campus de Lagarto e uma professora da rede básica de ensino de Lagarto. Mais de 200 pessoas se inscreveram.
Participantes

A estudante de Fisioterapia Stephane Victória ministrou uma aula sobre pessoas com deficiência, estigmatização e capacitismo. Ela conta que o curso de capacitação foi uma experiência enriquecedora. “Através dos encontros foi possível transmitir todo estudo e conhecimento que tínhamos sobre os temas, alertar sobre sinais que evidenciam necessidade de um cuidado e de uma atenção maior”, diz.
“A troca de experiência com os ACS foi muito enriquecedora, porque eles trouxeram muitos relatos de diversas partes do país. Terminei o curso muito grata por cada troca e por cada um que esteve presente. Através das experiências poderei buscar e lutar sempre por melhorias para a saúde pública e atenção básica”.
Társila Meneses, estudante de Odontologia, foi uma das inscritas no curso. Segundo ela, aprendeu sobre os vários tipos de deficiências e as dificuldades que pessoas com deficiência vivem na sociedade.
“Foi bastante enriquecedor todo o conhecimento nos passado, tanto aos discentes quantos aos profissionais de ACS. Além disso, entender como é a realidade em que as pessoas com deficiência vivem em outros estados, como foi passado por ACS de São Paulo, por exemplo, foi uma experiência muito boa, pois abre nossos olhos e nos ajuda a entender que a realidade é muito mais além do que se vê”, conta.
Segundo módulo

O próximo módulo será em setembro e terá como foco a PCD na fase adulta e as implicações do estilo de vida na saúde dessas pessoas, das famílias e da comunidade.
Segundo a coordenação, os temas abordados foram escolhidos para assegurar que o processo de atenção e cuidado à saúde da PCD com vistas à promoção da integralidade, da longitudinalidade, com orientação comunitária centrada na família de fato aconteça.
“O curso tem proporcionado uma troca de conhecimento e experiência muito valiosa entre todos os envolvidos e uma transformação dos conhecimentos sobre a temática da PCD pelos ACS, possibilitando melhor identificação e cuidados assistenciais para essa população”, conclui a professora Lavínia.
Nova turma
O curso será ofertado todo semestre (serão 2 por ano). Qualquer pessoa pode participar.
O período de inscrição da próxima turma abre a partir da semana que vem. As aulas começam em 30 de agosto.
A inscrição ocorre pelo Sigaa.
Verônica Soares (bolsista)
Luiz Amaro (edição)
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