O artigo “A busca eletrônica pelos termos vape e rouquidão no Brasil: um estudo infodemiológico”, coordenado pela professora Kelly Silva, vice-coordenadora do Programa de Pós Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde (PPGCAS) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), do campus Lagarto, traz levantamento que associa as buscas entre os termos “vape” e “rouquidão” no Google Trends, com aumento gradual dessa relação entre os anos de 2020 e 2024. O estudo sugere preocupação entre os usuários com alterações na voz após uso do cigarro eletrônico. O artigo foi publicado na Audiology Communication Research.
O alerta tem fundamento: a rouquidão é um sinal de que algo não vai bem na vibração das pregas vocais e não deve ser desprezada, segundo a docente Kelly Silva. “Muitas vezes, as pessoas têm esse pensamento de que a rouquidão é algo muito temporário, que não merece grandes preocupações, e não é bem assim. Uma voz rouca pode ser um sintoma e indicar lesões agudas”, pontua.
Em alguns casos, lesões podem estar associadas ao aparecimento de casos de câncer de laringe (que aumentou 23% em todo o mundo) e também de cabeça e pescoço. “Não é possível fazer uma correlação direta, mas também podemos dizer que o cigarro eletrônico aumentou o consumo de tabaco no Brasil, com 70% dos usuários de cigarro eletrônico na faixa etária dos 15 aos 24 anos. O Brasil teve uma campanha de antitabagismo muito eficiente, mas hoje já pode voltar a falar num cenário de epidemia, infelizmente”, alerta a pesquisadora.

Por ser um tema muito recente, algumas estatísticas e estudos sobre sintomas ainda estão em andamento, pois, segundo o artigo, efeitos de longo prazo podem levar tempo para a identificação. Outro fator preocupante é o alto risco de vício desencadeado pelo vape. “Na área de Saúde, nós chamamos de adicção. A concentração de nicotina no cigarro eletrônico é bem maior maior do que no cigarro tradicional, então estamos falando de um alto poder aditivo, que muitas vezes leva também para o uso do cigarro tradicional, já que esse, ao contrário do eletrônico, não tem a comercialização proibida. E, nos dois casos, não há uma quantidade segura para uso”, avalia.
A pesquisadora alerta que quem deseja parar o uso de tabaco deve buscar os serviços de saúde (público ou privados) para que o processo seja associado ao acompanhamento médico e psicológico.
Além da professora Kelly Silva, o artigo é também assinado pela coordenadora do PPGCAS e docente do Departamento de Fonoaudiologia de São Cristóvão, Raphaela Granzotti, a docente do Departamento de Fonoaudiologia Ariane Pellicani, as discentes do Departamento de Fonoaudiologia do campus Lagarto Dolores Lima, e Winy Santos e a egressa do PPGCAS Nathalia Monteiro , além dos discentes Anna Alice Almeida e Vinicios Lopes, do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraíba.
Ana Laura Farias - Campus Lagarto