
Na última sexta-feira, 3, a 15ª Feira Estadual de Ciências, Tecnologia e Artes de Sergipe (Cienart) trouxe estudantes de toda a rede básica para mostrar projetos que misturam criatividade, ciência e impacto social, na Universidade Federal de Sergipe (UFS) — e deixou um recado muito específico: a pesquisa começa cedo e se manifesta no mesmo espaço onde a vida acontece.
“Construo a Cienart há dez anos e todo ano eu choro. Ver cinco mil alunos visitando e cerca de 1.500 expositores é emocionante. É ver a educação básica se transformar em vocação científica”, disse a professora e diretora do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Eliana Midori, e também uma das organizadoras do evento. Ela completa: “É muito gratificante pra gente porque estamos formando novos pesquisadores para a UFS e para o mundo”.

Acima de tudo, a feira é um laboratório de possibilidades: estudantes que levam problemas, vivências e ideias a respeito da comunidade para transformar em investigação. O professor Felipe Ferreira, da Escola Municipal José Pablo Nascimento, no povoado Jardim, em Itabaianinha, veio acompanhando seu grupo de alunos que debate o papel das mulheres nas casas de farinha. Uma pesquisa que une memória, economia local e ciência.
“Eles começam a olhar para a própria realidade com outros olhos”, comentou Felipe enquanto sua aluna, Marília Gabrieli, já se adiantava em contar sua experiência como pesquisadora pela primeira vez na UFS: “É inspirador. A universidade parece distante, mas aqui a gente vê que é possível”.
Marília tem 14 anos, encara os estudos como possibilidade de um futuro melhor e fala do seu projeto com orgulho e posse de uma mulher, ainda que jovem, que agora entende seu papel por mais de uma perspectiva: a que descasca mandioca e a pesquisadora que problematiza e soluciona aplicando métodos científicos.

A professora Raquel Freitag, outra das mãos que constroem a Cienart, lembra que a feira cresceu muito: “Tivemos mais de 300 projetos submetidos, mas o espaço físico da Vivência comporta 160 estandes, por isso fizemos também uma feira virtual para acomodar o excedente”. Raquel destaca que a feira é um ciclo: projetos bem avaliados recebem bolsas de iniciação científica júnior - captadas por um edital do CNPq e da Fapitec - e esse movimento estimula a busca do aluno pela universidade e pela pesquisa acadêmica, fazendo com que, ao ingressarem no ensino superior, a pesquisa seja uma opção latente a se seguir. “Formamos pesquisadores desde a escola”, resume.
Essa feira permite que vejamos a universidade como ponte entre as escolas e o fazer ciência. “A UFS dá suporte, espaço, estrutura e articulação com agências como CNPq e Fapitec, para que esse encontro entre escola e ciência aconteça de verdade”, diz a professora Eliana Midori.

A feira não é só vitrine, é fomento: bolsas, editais e contatos que alimentam trajetórias científicas. A Cienart reforça uma ideia simples e poderosa: ciência não é coisa de outra galáxia, é prática cotidiana que começa na escola e pode virar futuro profissional. Para muitos participantes, a feira é o primeiro contato com a universidade e, para a universidade, é um espaço estratégico de formação e diálogo com a comunidade. A verdadeira união entre o ensino, a pesquisa e a extensão.

Premiação Cienart 2025
A tradicional cerimônia de encerramento premiou trabalhos em várias categorias, como meio ambiente, inovação, responsabilidade social, cidadania, empreendedorismo e sustentabilidade, confirmando a diversidade temática da feira. Entre os reconhecimentos, o destaque deste ano foi o Prêmio Meninas na Ciência, vencido pelo projeto Sistemas de Dessalinização Sustentável (Biodesal), orientado por Helania Andrade de Santana do Centro de Excelência 28 de Janeiro, de Monte Alegre de Sergipe. Além desse prêmio, mais nove projetos presenciais receberam menções honrosas e outros seis projetos virtuais, distribuídos em três modalidades, foram avaliados com destaque.
Mais uma edição da Cienart com sucesso de inscrições e de pequenas gigantes revoluções educacionais e de pesquisa. Plantar a semente do pesquisador no estudante é um dever da universidade e da sociedade que transforma sonhos em projetos de vida.
Elisa Lemos - Ascom UFS
