
Ao longo dos últimos meses, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) reafirmou publicamente seu compromisso com as políticas de ações afirmativas. Mais do que responder a uma pauta nacional, a instituição tem dado passos concretos para construir uma política própria, ampla e contínua, que envolve ingresso, permanência e representatividade.
“Estamos falando de algo maior do que uma campanha. É a construção de uma política dentro da universidade, que não se esgota em um edital ou num ciclo de matrículas. Algo que crie raiz”, destacou a professora Tereza Cristina, coordenadora de Ações Afirmativas (CAAF/UFS).

Uma das iniciativas mais importantes em curso é a 'CAAF Itinerante', que percorre os campus e unidades acadêmicas ouvindo estudantes, professores, técnicos, coletivos e movimentos sociais. A ação tem promovido diagnósticos participativos e já se reuniu com núcleos como o Neabi (Núcleo de estudos afro-brasileiros e indígenas), o Coletivo Indígena e Quilombola José Apolônio, o Fórum de Organizações Negras de Sergipe, a Organização Unidas na Luta pela Cidadania, a Associação e Movimento Sergipano de Transexuais e Travestis e a Unidade Acadêmica de Serviço Social (DSS).
A escuta seguirá ao longo de 2025, abrangendo também os campi de Aracaju, Itabaiana, Laranjeiras, Lagarto e Nossa Senhora da Glória.
Pensando novas frentes de inclusão, entre os próximos passos, está a construção das cotas trans. Para a implementação, esse processo acontecerá através de diálogo direto com os coletivos da comunidade LGBTQIAPN+. Além disso, também será feito um aprimoramento dos processos de autodeclaração para pessoas indígenas e quilombolas, visando uma melhor fluidez e eficácia no processo. A universidade também instituiu a Comissão Permanente de Heteroidentificação, formada por representantes internos e externos, para garantir a lisura do sistema de cotas raciais.
Além do ingresso, a UFS reforça seu olhar para a permanência. A Comissão de Seleção do Programa Bolsa Permanência (PBP), reorganizada pela CAAF, foi recomposta com representantes indígenas, quilombolas e da sociedade civil. O programa tem a finalidade de minimizar as desigualdades sociais e étinico-raciais e foi regulamentado pela Portaria Nº389, de 9 de maio de 2013, garantindo apoio para estudantes em situação de vulnerabilidade e fortalecendo o acesso à diplomação de indígenas e quilombolas.
Para a professora Tereza Cristina, cada passo consolida a universidade como espaço de equidade. “A UFS só cumpre plenamente sua missão quando reconhece, valoriza e dá condições para que todos os grupos historicamente excluídos estejam aqui e concluam sua trajetória acadêmica”, reforça.
A UFS segue aprimorando e buscando resoluções para seguir sendo um ambiente seguro para todas as pessoas. E com a consolidação de todas essas iniciativas é possível visualizar a semente criando raízes de grandes conquistas no campo das Ações Afirmativas. E, por resultado, toda a comunidade ganha uma universidade com políticas e ações que se projetam para um futuro mais plural, mais justo e mais próximo da sociedade que a cerca.
