Ter, 18 de novembro de 2025, 13:05

‘Isso é coisa de pret@’ destaca Consciência Negra e a Diáspora Africana para estudantes do Codap/UFS
Projeto ocorre desde 2019 com ações didático-pedagógicas sobre relações étnico-raciais
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Estudantes, docentes e técnicos do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (Codap/UFS) participam de atividades formativas da educação antirracista, através da Jornada “Isso é coisa de pret@ – A Consciência Negra e a Diáspora Africana para a América Latina: amefricanizar os saberes”. O evento acontece nestas terça, 18, e quarta-feira, 19, na instituição.

O estudante do 7º ano Misael Oliveira, 14, estuda no Codap há dois anos. Segundo ele, foi a partir desta escola que ele conheceu datas importantes como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra e passou a se engajar em trabalhos que tratam a temática.


Misael participa de projetos de contação de histórias afro-brasileiras, afroindígenas e africanas  (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
Misael participa de projetos de contação de histórias afro-brasileiras, afroindígenas e africanas (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

“Eu amo essas datas porque são datas em que me sinto acolhido. A nova gestão da escola é formada por duas mulheres pretas e me sinto representado. O Codap tem se tornado cada dia mais representativo. E a gente está se preparando para construir espaços que há muito tempo não existiam”.

Misael participa de um projeto de contação de histórias afro-brasileiras, afroindígenas e africanas e aprende sobre sua própria história.

“Minha professora de espanhol, Neila, começou com esse projeto com a nossa turma. Eu amo essa questão racial, porque eu sou uma pessoa preta, e estar cada dia mais conhecendo sobre o que eu sou, o que eu represento para a sociedade, é muito importante para mim. Nesse projeto, tratamos sobre o livro de Zumbi e Dandara, que foram dois quilombolas muito importantes para a nossa história, que mostraram a resistência do povo preto escravizado no nosso país, que eles não precisavam estar dentro da caixinha da escravidão, abrindo a margem para que eles pudessem crescer e buscar de volta a sua individualidade, buscar o senso de cultura da sua raça, porque foi tirado muito do povo preto, tanto na colonização, e até hoje nós perdemos”, destacou o estudante.

No primeiro dia, roda de conversa e atividades culturais afrocentradas, com músicas e contação de histórias, promoveram o diálogo entre os participantes. O cordelista Chiquinho do Além Mar foi um dos convidados, levando a reflexão sobre teoria e prática antirracista.

“Ao longo desses anos, a gente vai aprimorando as perspectivas, percebendo alguns caminhos e estratégias de práticas que dão mais certo, com atividades mais interativas, oficinas, práticas lúdicas, culturais. A gente tem feito um movimento também muito grande de trazer pessoas que estão na nossa sociedade sergipana e que são grandes expoentes e grandes representantes também da cultura negra em Sergipe”, explicou a diretora do Codap, Marília Menezes.

Isso é coisa de pret@


 (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Criado em 2019, o projeto Isso é coisa de pret@ desenvolve ações didático-pedagógicas sobre relações étnico-raciais e, nesta edição, propõe uma reflexão afrocêntrica, valorizando cosmopercepções e saberes da ancestralidade africana.

Uma das coordenadoras do projeto é a professora Ana Márcia, que falou um pouco sobre como a ideia surgiu. “O intuito foi efetuar práticas no nosso dia a dia voltadas ao combate ao racismo e ao reconhecimento da cultura afro-brasileira. Ao longo desses seis anos, desenvolvemos projetos ao longo dos meses, ao longo do nosso currículo diário, das nossas ações como o Julho das Pretas, saraus, como o Tarde da Música Negra, envolvendo professores de todas as áreas do conhecimento, pessoas da comunidade externa, familiares”.


Professora Ana Márcia (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
Professora Ana Márcia (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Mais ações práticas

A partir de 2026, o Codap e a UFS desenvolverão um protocolo de acompanhamento e sensibilização dos alunos em relação à prática antirracista, criando uma discussão que envolva os setores de ações afirmativas da universidade e a comunidade escolar. “Iremos registrar, mapear e formular protocolos, porque a meta é extinguir até 2030 casos de racismo no nosso colégio”, disse a diretora.


Diretora do Codap, Marília Menezes (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
Diretora do Codap, Marília Menezes (Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Presentes na abertura do evento, a vice-reitora da UFS, Silvana Bretas, e a pró-reitora de Acessibilidade e Inclusão, Marília Cavalcante, destacaram nomes afro-brasileiros importantes para a história do país, como a historiadora e professora Beatriz Nascimento e a socióloga e psicanalista Virgínia Bicudo.

“Em todas as áreas do conhecimento temos intelectuais, artistas, provedores culturais negros que são impressionantes. Parabenizo toda a equipe do Codap por trazer para dentro dos seus currículos, dos seus debates, no processo cotidiano da escola, uma educação antirracista”, disse Bretas.

Marília Cavalcante informou que a Pró-Reitoria de Acessibilidade e Inclusão está de portas abertas para a comunidade do Codap. “Estamos construindo caminhos onde todos possam estar presentes”.


(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)
(Foto: Janaína Cavalcante/Ascom UFS)

Ascom UFS


Atualizado em: Ter, 18 de novembro de 2025, 17:09
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