Qua, 14 de abril de 2021, 13:35

Inovador e integrado à comunidade, Campus de Lagarto faz 10 anos
Modelo pedagógico avançado é um dos principais atributos do Campus Antônio Garcia Filho
Campus Antônio Garcia Filho (Foto: Adilson Andrade - Ascom/UFS)
Campus Antônio Garcia Filho (Foto: Adilson Andrade - Ascom/UFS)

Há 10 anos, mais exatamente no dia 14 de março de 2011, foi instalado o Campus da Saúde, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no município de Lagarto. As aulas iniciaram dois meses depois, nos cursos de Farmácia, Nutrição, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - foram ofertadas 300 vagas no primeiro vestibular. No ano seguinte viriam os cursos de Medicina e Odontologia.

De lá para cá, a UFS formou 1.252 profissionais no Campus. O que o diferencia de outras instituições, no entanto, é o perfil de formação desses egressos. Os oito cursos oferecidos em Lagarto são voltados para a saúde pública, inclusive possuindo disciplinas que são necessariamente práticas exercidas na comunidade. Além disso, os projetos pedagógicos são estruturados a partir da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) e Metodologias Ativas de Ensino.


Mario Adriano dos Santos, primeiro diretor: “Eu costumava dizer, no início do Campus, e costumo ainda dizer que ele é um projeto para ser pujante mesmo daqui a 50 anos”. (Foto: Adilson Andrade - Arquivo Ascom/UFS)
Mario Adriano dos Santos, primeiro diretor: “Eu costumava dizer, no início do Campus, e costumo ainda dizer que ele é um projeto para ser pujante mesmo daqui a 50 anos”. (Foto: Adilson Andrade - Arquivo Ascom/UFS)

No modelo ABP - também conhecido como PBL (do inglês Problem Based Learning) - não predomina a tradicional aula expositiva. Ao contrário, o estudante é provocado pela situação/problema ou cenário e inicia suas buscas a partir daquele problema - o papel do professor é auxiliar nessas buscas e nas discussões do grupo tutorial.

O professor Mario Adriano dos Santos foi o primeiro diretor do Campus da Saúde, que passou a se chamar Antônio Garcia Filho ainda em 2011, em homenagem a um dos fundadores da Escola de Medicina de Sergipe, em 1961. Para Mario, havia um ambiente propício para a instalação de uma unidade da UFS, na área de saúde, naquela região, e que ela tivesse esse perfil de integração com a saúde pública.

“Sergipe estava realizando uma reforma sanitária, com instalação de múltiplos equipamentos de saúde e criou um ambiente muito propício para as estratégias de formação em saúde: o Hospital Regional, hoje Hospital Universitário, clínica de Saúde da Família, unidades básicas e uma rede complementar que criava os cenários apropriados de prática”, relata Mario.


Professor decano do Campus, João Carlos Carvalho Queiroz (à esquerda), em solenidade de formatura do curso de Medicina. (Foto: Schirlene Reis - Arquivo Ascom/UFS)
Professor decano do Campus, João Carlos Carvalho Queiroz (à esquerda), em solenidade de formatura do curso de Medicina. (Foto: Schirlene Reis - Arquivo Ascom/UFS)

Esse cenário motivou João Carlos Carvalho Queiroz a disputar uma vaga de professor no Departamento de Medicina. O paranaense vinha de uma experiência com Metodologias Ativas na Bahia e acreditava no potencial do modelo para o Campus da Saúde.

“O Campus de Lagarto, em particular, precisava de uma outra expertise, de um outro olhar, que foi a chegada do campus com uma metodologia diferenciada, que são as Metodologias Ativas”, defende ele, agora docente e chefe do Departamento.

“O modelo metodológico se consagra como uma alternativa viável, segura e atualizada, transformadora. Eu acho que as metodologias ativas vêm exatamente dentro dessa perspectiva. Elas trazem a possibilidade de os alunos se verem enquanto protagonistas da própria formação, construindo uma autonomia universitária, uma autonomia pessoal, enquanto cidadãos propriamente dito, e eu acho que talvez eu diria a capacidade da emancipação”, argumenta.

Dez anos depois

O diretor geral do campus, professor Makson Oliveira, é docente da UFS desde 2018 - antes havia sido professor substituto na UFS. Ele acredita que o campus tem centrado esforços na formação de bons profissionais e essa preocupação reflete na melhoria da saúde da região. “O impacto do campus na região é realmente muito significativo, com o HUL, com o ambulatório trans, que foi um marco para nossa Universidade. E é um impacto que está diretamente relacionado às pessoas. São os egressos que estão se formando lá, que acabam trabalhando na região, os estudantes que estão na prática de ensino à comunidade. Toda essa contribuição humana tem fortalecido a questão da saúde no campus de Lagarto”, observa.


A terceirizada Márcia Santos destaca o sentimento de integração no campus e o estímulo ao crescimento. "Quando eu entrei, eu era coordenadora operacional. Tipo, eu era fiscal didática, quando eu comecei a trabalhar aqui. Hoje, eu sou encarregada do pessoal da limpeza e eu hoje eu tomo conta do campus inteiro. Hoje eu tenho um cargo melhor, um salário melhor, isso para mim é um ponto positivo da Universidade. Eles reconhecem o funcionário. A integração é muito boa, o pessoal é muito acolhedor. Por isso que eu digo sempre: eu gosto de trabalhar aqui, esse é o melhor lugar, eu sempre digo isso. Quem trabalha aqui sabe que é bem diferente a convivência aqui no campus", observa.


“A integração é muito boa, o pessoal é muito acolhedor. Por isso que eu digo sempre: eu gosto de trabalhar aqui, esse é o melhor lugar”, afirma Márcia Santos, servidora terceirizada. (Foto: acervo pessoal)
“A integração é muito boa, o pessoal é muito acolhedor. Por isso que eu digo sempre: eu gosto de trabalhar aqui, esse é o melhor lugar”, afirma Márcia Santos, servidora terceirizada. (Foto: acervo pessoal)

O comprometimento dos servidores, o modelo pedagógico, o empenho dos estudantes e a proximidade com a comunidade convergem para o que é hoje o Campus Professor Antônio Garcia Filho e para seu futuro.

“Eu costumava dizer, no início do Campus, e costumo ainda dizer que ele é um projeto para ser pujante mesmo daqui a 50 anos”, defende Mario Adriano, “com excelentes acomodações, com metodologias sempre inovadoras e com uma forte inserção na comunidade, realizando leituras cotidianas dos seus problemas e devolvendo soluções para aqueles que mais necessitam”, finaliza.

Com um pé no futuro

A discente Alicia Lisboa testemunhou as mudanças trazidas pela chegada do campus em Lagarto e agora observa de perto, enquanto discente e futura profissional. "Eu já conhecia a Saúde de fora. Eu enquanto cidadã e agora tenho a convicção de quanto nossa saúde melhorou depois que a universidade veio para Lagarto", pontua.


Alicia Lisboa, formanda de Enfermagem: “Hoje eu saio da faculdade uma Alicia mais humana, mais maleável, que sabe se impor mais". (Foto: acervo pessoal)
Alicia Lisboa, formanda de Enfermagem: “Hoje eu saio da faculdade uma Alicia mais humana, mais maleável, que sabe se impor mais". (Foto: acervo pessoal)

Alicia terminará, no segundo semestre, o curso de Enfermagem. "Sempre tive o entusiasmo de passar na minha cidade. Quando a aprovação veio, foi uma felicidade muito grande. Ainda mais, com a metodologia ativa, que a gente só sabe o que é vivendo. Hoje eu saio da faculdade uma Alicia mais humana, mais maleável, que sabe se impor mais", observa.


“Eu percebo o esforço dos professores, de toda a comunidade docente, para que a gente possa aprender da melhor forma possível”, afirma Maria Eduarda França, caloura de Fonoaudiologia. (Foto: acervo pessoal)
“Eu percebo o esforço dos professores, de toda a comunidade docente, para que a gente possa aprender da melhor forma possível”, afirma Maria Eduarda França, caloura de Fonoaudiologia. (Foto: acervo pessoal)

As expectativas também são grandes para quem está no início da trajetória. Maria Eduarda França, de 19 anos, começou o curso de Fonoaudiologia no ano mais atípico da sociedade: 2020. Moradora de Simão Dias, a 30 km de Lagarto, a jovem está assistindo às aulas de forma remota e conta que, mesmo com as particularidades do momento e do tipo de ensino, já conseguiu perceber a dedicação da equipe do campus. " Eu fui me adaptando. Parece que eu nasci para o método de Lagarto. Eu percebo o esforço dos professores, de toda a comunidade docente, para que a gente possa aprender da melhor forma possível. E eles estão conseguindo. Os professores têm uma didática impressionante", observa. No campus Lagarto, os estudantes do primeiro ciclo (que equivale a um ano letivo) de todos os cursos têm aulas juntos, no Departamento de Educação em Saúde.

Ana Laura Farias
Marcilio Costa
comunica@ufs.br

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Atualizado em: Sex, 23 de abril de 2021, 15:55